Josias de Souza
Lula e as forças políticas, sindicais e sociais que gravitam ao seu redor dançam algo muito parecido com a coreografia da insensatez. Nesta quarta-feira um elenco de arruaceiros marchou sobre a Esplanada à procura de encrenca. Exigiam a queda de um presidente que já está no chão. E guerreavam contra reformas que flertam com o arquivo. Perderam o nexo. Para não perder também a viagem, brigaram com a polícia e destruíram o patrimônio público.
Foi como se os devotos de Lula enxergassem a Esplanada dos Ministérios como uma loja de louças hipertrofiada. Marcharam em direção ao Congresso Nacional como uma manada de elefantes. A isto foram reduzidos os apologistas de Lula: elefantes itinerantes. Ora estão em Curitiba, ora na Avenida Paulista, ora em Brasília. Falta-lhes, porém, um rajá, isto é, um líder que os monte, apontando-lhes a direção e contendo-lhes os modos. Lula ainda não se deu conta, mas a hora é de moderação.
A Lava Jato tranformou a briga entre o petismo e seus rivais numa gincana de sujos contra mal lavados. Lula roça as grades de Curitiba. Aécio Neves assiste ao funeral de sua carreira política em rede nacional. Temer virou caso para estudo: o primeiro político da história a se tornar ex-presidente ainda na Presidência. Num ambiente assim, quebra-quebra disfarçado de protesto, além de ser um crime, é um erro.
Lula faria um favor a si mesmo e ao país se segurasse seus radicais. Permitir que militantes dancem desgovernados é o mesmo que cutucar a sociedade com o pé para ver se ele morde. O brasileiro já parou de abanar o rabo para os políticos faz tempo. Não demora e começa a morder.
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