Blog do Kennedy
Desafios principais são conquistar confiança e apagar desconfiança
O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tem dois desafios principais. O primeiro e mais importante: recuperar a confiança do mercado financeiro e dos empresários numa proposta consistente de melhora da economia. O segundo desafio tem ligação com o primeiro, mas é diferente: vencer as desconfianças, apesar de ser um dos responsáveis pela política econômica que deu errado no primeiro mandato.
No final da manhã de hoje, antes da posse, Barbosa vai conversar com investidores estrangeiros. Isso mostra o tamanho da desconfiança em relação a ele.
Normalmente, um novo ministro da Fazenda é nomeado porque sua escolha tem um efeito positivo. Quando a presidente Dilma Rousseff tirou Guido Mantega e colocou Joaquim Levy, foi isso o que aconteceu. Agora, ao trocar Levy por Barbosa, o efeito é negativo.
Barbosa precisa apresentar ao país um plano fiscal de longo prazo que seja consistente e uma proposta de reformas, como a da Previdência, que possam ter chance real de aprovação no Congresso. Isso seria a proposta do atacado.
No varejo, tem de ser bem claro hoje sobre a meta fiscal de 2016. Barbosa queria zerar a meta. Levy queria 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) de superavit primário. O governo tentou aprovar 0,5%, mas já dizendo que poderia zerar com o abatimento de gastos em investimentos.
Levy se uniu à oposição e a meta de 2016 ficou em 0,5% sem poder ser zerada. Barbosa precisa ser sincero sobre o grau de ajuste fiscal que deseja implementar. Está falando em manter o ajuste, mas de qual forma? A meta será de 0,5% mesmo? Há previsões de mercado de que haverá deficit primário novamente. Não adianta falar em meta de 0,5% agora e daqui a dois meses dizer que será zero ou daqui a seis meses surgir com um número negativo. Melhor dizer hoje o que pretende fazer de fato.
O governo Dilma descumpriu no primeiro e no segundo mandatos todas as suas metas fiscais. Para recuperar a confiança, Barbosa terá de ser claro a respeito disso. Do contrário, correrá o risco de ter passagem breve pela Fazenda.
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