Carlos Chagas
Perdeu-se o presidente Michel Temer na trapalhada de conceitos que se obriga a oferecer a seus ministros e ao país. Acaba de declarar, em encontro com empresários, que o Brasil não tem instituições sólidas, pois elas são abaladas por qualquer fatozinho que surja.
Com todo o respeito, o Judiciário é uma instituição sólida. A Polícia Federal, também, assim como o Ministério Público. Claro que a Câmara dos Deputados não é, assim como o Ministério. Mas a operação lava jato parece feita de granito. E assim por diante, com vantagem para a solidez de boa parte das instituições nacionais. Se o presidente da República duvida, é problema dele. Sólido é o processo eleitoral, apesar da fragilidade de seus resultados. Ainda agora vai-se desmanchar como sorvete ao sol um grupo de perto de 200 deputados incluídos na lista da Odebretch. Como seis ministros que deixaram de ser ministros depois da posse de Temer.
Nas colunas de deve e haver, o governo ainda dispõe de saldo positivo. O que não dá para entender é o desânimo presidencial, estendido a uma parte do Ministério. Ao aderir ao processo de impeachment da antecessora, Michel conseguiu injetar boa dose de esperança no fortalecimento das instituições. Se agora é ele mesmo a duvidar de seus sentimentos, alguma coisa desandou. Talvez a confiança em seus próprios ministros, ainda que se possa dizer que vem colhendo o que plantou. Estava escrito que determinados ministros se envolveriam em trapalhadas. Cabe-lhe corrigir a escalação do time. Reconhecer o erro é o primeiro passo para a correção de rumos. Faltam dois anos e um mês para a consolidação das instituições. Jamais para deixá-las em frangalhos.
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