Pular para o conteúdo principal

Ruim com ele, pior sem ele


Carlos Chagas
Milton Campos, ao renunciar ao ministério da Justiça do governo Castello Branco, produziu uma das maiores lições políticas de todos os tempos, ao reagir ao apelo do primeiro general-presidente para que permanecesse nas funções. Escreveu sobre a diferença entre ele e o presidente, pois  dispunha do direito de pedir para sair, por diversas razões e motivos. Castello, não: era o único cidadão brasileiro obrigado a permanecer, quaisquer que fossem as agruras e dificuldades a enfrentar.
Vale o exemplo para o atual presidente. Michel Temer não tem liberdade para saltar de banda. Seu governo pode enfrentar a mais difícil das crises nacionais, colhendo fracassos de toda ordem. A herança recebida no momento em que sucedeu a Dilma Rousseff desanimaria qualquer cidadão. A economia posta em frangalhos, a desorganização verificada em sua base partidária, a incompetência de seus ministros, a falta de apoio nas diversas camadas da sociedade, a péssima repercussão de suas iniciativas políticas – tudo trabalha contra sua permanência no palácio do Planalto.
O problema é que não pode renunciar, apesar de alguns de seus antecessores tivessem cedido à tentação. Primeiro desafio seria o país aferrar-se ao cumprimento dos postulados democráticos. 
Mesmo sem o sonho de instituições acordes com nossas necessidades, haverá que seguir adiante, à espera do que os ventos mudem e soprem um fiapo de esperança em meio à conturbação generalizada. Quem sabe o Congresso se recicle, alterando a postura de deputados e senadores que só pensam em satisfazer seus interesses? As camadas privilegiadas abram parte de suas benesses para as massas desprotegidas? Os ministros, mesmo se não ficar um só, encontrem o caminho do cumprimento de seus deveres? O próprio Michel Temer talvez vislumbrasse a importância de seguir exemplos, mesmo raros, de como dirigir um governo? 
http://www.blogdomagno.com.br/?pagina=3

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

'Fi-lo porque qui-lo': aprenda gramática com frase histórica de Jânio Quadros

FI-LO PORQUE QUI-LO                       Vamos lembrar um pouco de história, política e gramática?                     O ex-presidente Jânio Quadros gostava de usar palavras difíceis, construções eruditas, para manter sua imagem de pessoa culta. Diz o folclore político que, ao ser indagado sobre os motivos de sua renúncia, em 1961, teria dito: "Fi-lo porque qui-lo".                     Traduzindo para uma linguagem mais acessível, mais moderna, ele quis dizer "fiz isso porque quis isso", ou, simplificando, "fiz porque quis".                     Esse "LO" nada mais é que o pronome oblíquo "O", que ga...

Vimos ou viemos à reunião?

Nós VIMOS ou VIEMOS à reunião? Muita gente tem dúvida na hora de flexionar o verbo VIR. Quer um exemplo: Como você diria: “Nós VIMOS ou nós VIEMOS à reunião?” A resposta é: depende. Sim, depende do tempo a que nos referimos. A forma VIMOS é do presente do indicativo. Por exemplo:  “VIMOS, por meio desta, solicitar..." (o verbo VIR está na 1ª pessoa do plural, no presente do indicativo); A forma VIEMOS é do pretérito, do passado. Exemplo: "Ontem nós VIEMOS à reunião." (o verbo VIR está também na 1ª pessoa do plural, mas desta vez no pretérito perfeito do indicativo). Muita gente evita usar o presente, porque a forma VIMOS é, também, o passado do verbo VER: "Nós o vimos ontem, quando saía do escritório".  Para não ter dúvidas sobre qual é o verbo que está sendo usado (o VIR ou o VER), ponha o verbo no singular. Veja: “VENHO, por meio desta, solicitar...” (essa é a 1ª pessoa do singular, em vez de VIMOS, 1ª do plural); “Eu o VI ontem, quando saía do escritório” (e...