Por Machado Freire*
Eu não queria falar de Fidel Castro – nem contra nem a favor do político, do ser humano e muito menos do ditador. Acho que muita gente já explicou porquê “amava Fidel” e outros, porquê “detestavam” o líder cubano.
Não me coloco em nenhuma dessas situações, mas também não fico em cima do muro. Posso até já ter votado nulo ou em branco, mas a minha posição política e ideológica, jamais foi omitida!
Com origem sertaneja, sou da época em que, na minha juventude, – na segunda adolescência, apesar das limitações que tínhamos na comunicação (era o rádio, o cinema e aqui, acolá, um jornalzinho) havia motivos para cada um acompanhar a mesmice do coronelismo ou optar pelo lado contrário, como esquerda consciente.
Sempre aparecia uma ou outra “alma perdida” que vinha da capital e nos estimulava a fazer uma opção política. E o ápice foi a ditadura de 64, que “separou o joio do trigo”, com as consequências que a história nos reserva.
Então, por que negar ou omitir que as lideranças dos Estados Unidos, União Soviética e Cuba não nos influenciaram politicamente? Só os indiferentes (e são poucos) não provaram desse “mingau delicioso”, jamais esquecido!
Não interessa detalhar que fulano ou beltrano era assim ou assado; ligado ao imperialismo ianque ou à esquerda soviética ou cubana. Todos temos o livre arbítrio e, mesmo debaixo do cacete, haveremos de levar nossos princípios e tendências para sepultura. Os covardes têm outra opção/convicção!
Para me situar no fato noticiado no último sábado, que o mundo inteiro acompanhou, elogiando ou criticando, não posso deixar de emitir a minha modesta avaliação.
Fidel Castro foi um grande líder que exerceu um papel espetacular, juntamente com Guevara, no momento em que derrubou a ditadura e passou a organizar o povo cubano. Mas transformou-se em ditador sanguinário (negando suas mais importantes promessas ao povo cubano e do mundo), na medida em que passou a ter a Ilha como uma propriedade privada e a praticar todas as crueldades que tiveram origem nos desgovernos dos seus principais adversários do passado.
Ninguém é dono do destino de ninguém. O ser humano não pode, em nenhuma hipótese, ser tratado como propriedade privada, seja lá de quem for. Um país sem liberdade não pode ser comparado nem a uma pocilga.
*Editor do Jornal Folha do Sertão
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