Pegou a contramão
Temer produz um discurso e na prática realiza outro. Fala num futuro promissor, mas o presente tem práticas que não indicam mudanças. Ele assumiu afirmando que a moral e a conduta ética-política seria outra, mas a prática privilegia benesses com verbas e cargos.
Blog do Magno Martins
IstoÉ – Ricardo Boechat
Depois de ter anunciado publicamente em pronunciamento à imprensa de que só nomearia para diretores de agências “pessoas com alta qualificação técnica” e após a aprovação da Lei Geral das Agências, Temer recuou. A temporada das indicações políticas corre solta.
Nesta semana, no Senado, haverá a sabatina dos indicados para os cargos vagos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os futuros barnabés que chegam à Anvisa são: William Dib, ex prefeito de São Bernardo do Campo (SP) e ex deputado federal é apadrinhado pelo PPS e parte do PSDB, e Renato Porto, indicado pelo senador Eunício Oliveira, com o apoio do PMDB.
Como se pode perceber, tem muito blábláblá quando a Presidência da República diz apoiar o projeto de lei que altera as nomeações para conselheiros e diretores das agências reguladoras. Se a Lei Geral das Agências já estivesse aprovada, nenhum dos dois apadrinhados preencheriam na plenitude os critérios de experiência técnica e de gestão, além da formação acadêmica.
O indicado Renato Porto, por exemplo, solicitou que a Anvisa pague os custos de um mestrado que vai iniciar na Fundação Getúlio Vargas, por R$ 25 mil. Teoricamente para alguém ocupar tal função, a pessoa já deveria ter tal formação.
Na nova Lei Geral das Agências, os indicados para diretor terão que ter quatro anos de experiência de gestão, na área do órgão para o qual está sendo indicado, e qualificação acadêmica compatível com o cargo.
Para o público, Temer produz um discurso e na prática realiza outro. Fala num futuro promissor, mas o presente tem práticas que não indicam mudanças. Ele assumiu afirmando que a moral e a conduta ética-política seria outra, mas a prática privilegia benesses com verbas e cargos.
Michel Temer precisa ter em mente que ele exerce um mandato e por ele será julgado pela história. O presidente não faz milagre; não tem e nunca terá uma varinha de condão para mudar o Brasil, mas pode contribuir decisivamente para termos um País melhor. Uma forma de fazer isso é não usar a tinta de sua caneta para fazer nomeações políticas. Quando age assim, engabela o distinto público.
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