Ricardo Noblat
Se Dilma enxergasse, de fato, chances de voltar ao exercício pleno da presidência da República, ela não acenaria, como o fez, ontem, em entrevista à TV Brasil, com a proposta de convocação de um plebiscito para que os brasileiros digam se são favoráveis à uma eleição presidencial antecipada.
A eleição, caso ocorresse, serviria à escolha de um presidente que completasse o mandato de Dilma, a terminar em 31 de dezembro de 2018. Ora, isso significa que a própria Dilma, uma vez que derrotasse o processo de impeachment no Senado, só governaria por poucos meses. E por quê só por poucos meses?
Simples: porque ela reconhece desde agora que lhe faltaria apoio político para governar até o fim. Se tal apoio não tivesse faltado, Dilma não seria, hoje, uma presidente afastada do cargo. E se imaginasse ser possível reconquistar apoio para governar, não proporia antecipar a eleição do seu sucessor. Óbvio.
Então por que os senadores, responsáveis por selar o destino de Dilma em breve, deveriam concordar com a volta de uma presidente provisória? No momento, o país já tem um presidente provisório – Michel Temer. E um novo governo. Temer poderá governar até a data marcada para a eleição de um novo presidente.
A maioria dos brasileiros vê Temer com desconfiança, e é natural que veja. Temer é do PMDB, partido encrencado na Lava-Jato tal qual o PT. E duas vezes foi vice de Dilma, a maior responsável pela difícil situação que o país atravessa. Temer ainda é uma esfinge. Mas Dilma, não. A maioria dos brasileiros quer vê-la pelas costas.
Não faz sentido, pois, restabelecer o poder de uma presidente que se revelou inepta e que, por isso mesmo, ficou sem condições políticas de governar.
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