Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo
Está ficando difícil para os humoristas. Na manhã desta quarta (8), o noticiário voltou a surpreender quem vive da criação de piadas. A Polícia Federal prendeu o Japonês da Federal, responsável por escoltar os detentos da Lava Jato.
O agente Newton Ishii se tornou a face mais visível da megaoperação. Sempre de preto, com colete à prova de balas e indefectíveis óculos escuros, ele ficou famoso ao conduzir políticos, empreiteiros e ex-diretores da Petrobras à carceragem em Curitiba.
Seu álbum inclui fotos ao lado de réus ilustres como José Dirceu, Marcelo Odebrecht e Nestor Cerveró. A cada prisão de impacto, o "japonês" se projetou como o braço da lei que consegue a alcançar os poderosos.
Com o tempo, Ishii ganhou status de celebridade. Seu rosto foi replicado em milhares de máscaras de carnaval. Uma marchinha celebrou a imagem de implacável: "Ai, meu Deus / Me dei mal / Bateu à minha porta o Japonês da Federal!".
Com o tempo, Ishii ganhou status de celebridade. Seu rosto foi replicado em milhares de máscaras de carnaval. Uma marchinha celebrou a imagem de implacável: "Ai, meu Deus / Me dei mal / Bateu à minha porta o Japonês da Federal!".
Muitos políticos aproveitaram a chance de faturar. Quando o policial visitou o Congresso, deputados fizeram fila para pedir selfies. Ele também demonstrou senso de oportunidade, insinuando planos de se candidatar nas próximas eleições.
Nesta semana, chegou a vez de Ishii ser recolhido ao xadrez. Ele foi condenado em segunda instância por facilitação de contrabando. O agente não é o primeiro e não será o último herói do combate à corrupção a cair nas malhas da Justiça, acusado cometer outros desvios.
Depois dessa notícia, os humoristas brasileiros terão que se esforçar mais para competir com a vida real. O autor da marchinha famosa já arriscou um novo refrão: "Ai, meu Deus / Se deu mal / Foi preso em Curitiba o Japonês da Federal!".
O que Michel Temer tem a dizer sobre o pedido de prisão contra os principais líderes de seu partido? E sobre as manobras do aliado Eduardo Cunha para escapar da cassação?
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