Por 11 votos contra 9, o Conselho de Ética da Câmara Federal aprovou nesta terça-feira (14) o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) que pede a cassação do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quebra do decoro parlamentar.
A deputada Tia Eron (PRB-BA), cujo voto seria decisivo para que não houvesse empate na votação, fez mistério o dia inteiro sobre sua posição, mas acabou votando a favor do parecer. Foi aplaudida por vários colegas.
A maioria do colegiado acatou o parecer de Marcos Rogério segundo o qual Cunha quebrou o decoro ao mentir para os colegas na CPI da Petrobras.
Na ocasião, o presidente da Câmara negou que tivesse contas bancárias no exterior. Mas foi desmentido por farta documentação obtida pelo Ministério Público Federal.
Agora, o parecer terá que ser apreciado pelo plenário e para que o mandato de Cunha seja cassado serão necessários os votos de 257 parlamentares (maioria absoluta).
A deputada Tia Eron, para cujo voto as atenções do Brasil estavam voltadas, declarou o seguinte na hora de votar: “Em relação à minha consciência, é nela que moram os valores e reside a verdade. O meu partido, PRB, foi colocado no imaginário balcão onde a chantagem seria a moeda de troca, mas lá não se trocam cargos. Nossa política é diferente. Em função disso, eu votei pela admissibilidade do processo de impeachment. Fui hostilizada até pelas mulheres. De todo modo, meus pares, eu não posso aqui absolver o representado nessa tarde. Eu não posso. Eu voto sim”.
A outra surpresa foi o deputado Waldimir Costa (SD-PA). Ele chegou a discursar em defesa de Eduardo Cunha, chamando-o de homem “honrado”, mas ao ser chamado para votar acompanhou o parecer do relator.
O processo de Eduardo Cunha no Conselho de Ética foi o mais longo que já tramitou no colegiado. A representação contra ele foi protocolada pelo PSOL e Rede Sustentabilidade no dia 13 de outubro de 2015.
O deputado João Carlos Bacelar (PTN-BA) chegou a apresentar um voto em separado propondo uma suspensão de 90 dias para Eduardo Cunha, mas o relator indeferiu sua sugestão. O advogado de defesa de Cunha, Marcelo Nobre, disse que vai recorrer da decisão à Comissão de Constituição e Justiça porque seu cliente foi condenado “sem provas”.
Confira, abaixo, como votou cada deputado:
A favor da cassação
Marcos Rogério (DEM-RO)
Sandro Alex (PSD-PR)
Paulo Azi (DEM-BA)
Júlio Delgado (PSB-MG)
Nélson Marchezan Filho (PSDB-RS)
Zé Geraldo (PT-PA)
Betinho Gomes (PSDB-PE)
Valmir Prascidelli (PT-SP)
Leo de Brito (PT-AC)
Tia Eron (PRB-BA)
Wladimir Costa (SD-PA)
Contra a cassação
Alberto Filho (PMDB-MA)
André Fufuca (PP-MA)
Mauro Lopes (PMDB-MG)
Nélson Meurer (PP-PR)
Sérgio Moraes (PTB-RS)
Washington Reis (PMDB-RJ)
João Carlos Bacelar (PR-BA)
Laerte Bessa (PR-DF)
Wellington Roberto (PR-PB).
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