Folha de S.Paulo – José Marques
Uma estatal do governo de Minas Gerais fechou termo de parceria com o pai do senador Aécio Neves (PSDB), Aécio Ferreira da Cunha (1927-2010), quando seu filho ainda era governador.
Assinado em 19 de março de 2010, 11 dias antes de Aécio renunciar ao mandato para concorrer ao Senado, o termo previa pagamento de R$ 250 mil para a produção de feijão na fazenda de Cunha em Montezuma (norte de Minas Gerais).
Foram desembolsados R$ 150 mil em dezembro do mesmo ano. Após a morte naquele ano do pai de Aécio, a empresa foi herdada pelo atual senador e por sua irmã, Andrea Neves.
As informações foram reveladas pelo jornal "O Tempo" e também foram obtidas pela Folha.
A parceria, que não está mais em vigor, foi celebrada entre a estatal Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) e a Perfil Agropecuária, empresa de Aécio pai, e previa a plantação de 1.400 kg de sementes de feijão na fazenda de Montezuma.
Depois, a produção deveria ser vendida preferencialmente à própria estatal. O acordo tinha validade de 12 meses e podia ser estendido.
A justificativa para o uso da fazenda é que a Epamig não tinha estrutura e precisaria atuar em conjunto com outros produtores.
A Perfil, segundo o termo, tinha "condição técnica e socioeconômica" para produzir as sementes.
Como contrapartida, a Perfil usaria sua propriedade e ensacaria o feijão.
Procurados, tanto Aécio Neves quanto a Epamig afirmam que a parceria foi legal. A estatal diz que assina termos com entidades que manifestam a intenção de produzir as sementes.
Já o ex-governador afirma que não houve "qualquer interferência do Estado".
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