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Será que tudo é verdade?


Com as revelações bombásticas do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, de que Michel Temer pediu R$ 1,5 milhão de propina para o aliado Gabriel Chalita, na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o presidente interino perdeu o sono e passa a viver a mesma instabilidade política que Dilma enfrentou até ser afastada. O delator disse que encontrou o então vice numa sala reservada da Base Aérea de Brasília, onde entrou com um carro alugado da Localiza.
Machado também contou que desde o governo de Fernando Henrique Cardoso funcionava como uma espécie de caixa-eletrônico para políticos. Em vez de sacar notas de R$ 100, eles faziam saques da ordem de R$ 100 mil. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ficou mais fácil arranjar o dinheiro, como presidente da Transpetro. As empreiteiras estavam lá para isso. E os políticos, sobretudo os caciques peemedebistas, se esbaldaram.
Eram R$ 500 mil aqui para José Sarney, R$ 300 mil ali para Renan Calheiros, R$ 200 mil acolá para Romero Jucá. Voraz, o ex-ministro Edison Lobão pediu uma mesada de R$ 500 mil. Só levou R$ 300 mil. Apenas ao PMDB, Machado diz ter distribuído uns R$ 100 milhões. Conta que rolou propina também para os peemedebistas Henrique Eduardo Alves, Valdir Raupp, Garibaldi Alves; para os petistas Cândido Vaccarezza, Luiz Sérgio, Ideli Salvatti, Jorge Bittar; para os tucanos Aécio Neves e Sérgio Guerra, para os democratas Heráclito Fortes e José Agripino Maia, para o pepista Francisco Dornelles e para a comunista Jandira Feghali.
Propina, como se vê, não tem partido. Mas será que Machado está falando a verdade? Se algum acusado conseguir demonstrar alguma mentira, ele perderá o direito à prisão domiciliar firmado na delação. O duro mesmo, para todos eles, é que delatores sempre mentem – até que são presos e decidem falar a verdade. Foi assim com Paulo Roberto Costa, Alberto Yousseff, Júlio Camargo, Pedro Barusco, Ricardo Pessôa, Eduardo Leite, Dalton Avancini, Milton Pascowitch, Delcídio Amaral.
Provas e mais provas corroboram as verdades que revelaram como delatores. Será assim também quando vierem à tona as delações de Léo Pinheiro e Marcelo Odebrecht. É por isso que Renan, Sarney e Jucá falavam em acabar com a delação premiada nas conversas que mantiveram com Machado. A corrupção é apartidária e está em todos os níveis de governo. Os empresários são cúmplices.
Machado disse ainda que não deixou a Transpetro sair do "modelo tradicional” e chamou a Petrobras de “a madame mais honesta dos cabarés do Brasil”. Entre outros órgãos do governo com práticas semelhantes, citou o Dnit, as companhias Docas, Banco do Nordeste, Funasa, FNDE e Dnocs. Há muito ainda a investigar sobre a extensão da corrupção no Estado brasileiro. O país exige que a Lava Jato vá até o fim. É preciso deixar de funcionar na base da mentira e encarar a verdade, por mais dolorosa que seja.
MENTIROSA– O presidente em exercício Michel Temer classificou de "irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa" a declaração do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em delação premiada. "Eu quero fazer uma declaração a respeito da manifestação irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa do cidadão Sérgio Machado. E quero dizer aos senhores e as senhoras que eu falo, em primeiro lugar com homem, como ser humano, para dizer que a nossa honorabilidade está acima de qualquer outra função ou tarefa pública que exerça no momento ou venha a exercer", disse Temer, em declaração à imprensa no Palácio do Planalto.

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