Pular para o conteúdo principal

Eleitores punirão os corruptos?

Os eleitores punirão os parlamentares envolvidos em corrupção?

Marcos André Melo – Folha de S.Paulo
Os estudos sobre o impacto de escândalos de corrupção sobre a reeleição de deputados federais nas eleições anteriores a 2014 podem ser informativos sobre o que vai acontecer em 2018.
Houve dois escândalos de maior monta no período: o mensalão (2005) e o escândalo dos sanguessugas (2006). No primeiro caso, nove parlamentares foram acusados. No segundo, o número é bem maior: 40. Apenas um parlamentar, Pedro Henry (PP-MT), esteve envolvido em ambos. Dos 50 candidatos à reeleição do grupo de 69 envolvidos, apenas nove foram eleitos (18%) -percentagem muito inferior à taxa de reeleição média no país (70%). 19 parlamentares não se recandidataram- o que sugere um processo de auto seleção, e o efeito é assim ainda maior.
Os dados sugerem à primeira vista um fortíssimo impacto de envolvimento em escândalo de corrupção e punição eleitoral. O PTB não reelegeu nenhum dos 12 membros de sua bancada envolvidos no escândalo. O PP não reelegeu sete dos nove envolvidos, e o PL não reelegeu oito dos 10 envolvidos. No PT, quatro dos sete implicados não lograram reeleger-se.
Com os colegas Ivan Jucá e Lúcio Rennó, estimamos com um modelo estatístico o impacto do escândalo sobre a reeleição para os pleitos de 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010.
Nessa estimativa levamos em conta os fatores que têm impacto sobre a reeleição: os gastos de campanha; o valor e o número das emendas orçamentárias de autoria dos parlamentares executadas durante o mandato; indicadores de desempenho legislativo (iniciativa de leis, etc); o capital político do parlamentar (número de mandatos e votação anterior); congruência entre partido ou coalizão do parlamentar e do presidente, etc. A estimação
leva em conta o possível efeito (endógeno) da probabilidade de eleição sobre alguns desses fatores.
A principal conclusão é que o envolvimento em escândalo reduz a probabilidade de reeleição, na média, em 18%. Mais importante: esse efeito se anula quando o gasto do incumbente se aproxima de R$ 2 milhões. Valor só atingido por 10% das candidaturas. Em outras palavras, os custos reputacionais podem ser mitigados por gasto expressivo de campanha.
A análise do gasto de campanha antes e depois do escândalo mostra que o envolvimento em escândalo leva ao um aumento do gasto para reduzir os custos reputacionais.

Essas estimativas são para o período pré tsunami da Lava Jato. A punição em 2018 poderá ser potencialmente muito maior. Sobretudo nas eleições proporcionais na qual a escolha não é binária e o voto cínico ("são todos corruptos") tende a ter menos força. Não é à toa que os parlamentares criaram um fundo de campanha de R$ 1,7 bilhão.
http://www.blogdomagno.com.br/?pagina=1

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

Governo sanciona Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018

Do G1 O governo sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 com mais de 40 vetos. O texto, os vetos e as exposições de motivos que levaram a eles foram publicados na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A LDO de 2018 foi aprovada no mês passado pelo Congresso Nacional contemplando um rombo primário nas contas públicas de R$ 131,3 bilhões para 2018, dos quais R$ 129 bilhões somente para o governo federal. O conceito de déficit primário considera que as despesas serão maiores do que as receitas sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. A LDO também traz uma estimativa de salário mínimo de R$ 979 para 2018, um aumento de 4,4% em relação ao salário mínimo em vigor neste ano, que é de R$ 937. Entre outros indicadores, a LDO prevê um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2018. A inflação estimada é de 4,5% e a taxa básica de juros deve ficar, segundo a proposta, em 9% na média do próximo ano. Mais de 40 v

Dólar opera em alta e bate R$ 4,40 pela 1ª vez na história

No ano, o avanço chega a quase 10%. Na quinta-feira, moeda dos EUA fechou vendida a R$ 4,3917. O dólar opera em alta nesta sexta-feira (21), batendo logo na abertura, pela primeira vez na história, o patamar de R$ 4,40. Às 10h52, a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,3940 na venda, em alta de 0,05%. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,4061.  Veja mais cotações . Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,5934, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na sessão anterior, o dólar encerrou o dia vendida a R$ 4,3917, em alta de 0,61%, marcando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3982 – maior cotação nominal intradia até então, segundo dados do ValorPro. A marca de R$ 4,40 é o maior valor nominal já registrado. Considerando a inflação, no entanto, a maior cotação do dólar desde lançamento do Plano Real foi a atingida no final de 2002. Segundo a Economatica, com a correção