Por Marcelo Alcoforado
Semana passada, quando o deputado Francisco Everardo de Oliveira Silva foi à tribuna da Câmara pela vez primeira, não o fez para falar de projetos, mas para desistir deles – se é que em algum momento eles foram ao menos cogitados – mediante a renúncia que apresentaria em seguida.
Com sua fala simples, o deputado levou muitos à impressão de que ali estava um político diferenciado. Ao contrário de outro político antagonista da sintaxe, em nenhum momento pronunciou palavras ofensivas aos bons costumes. Não perdera, no entanto, o costume de tirar proveito das disposições legais. Tratava-se de um roteiro meticulosamente ensaiado! Eis a sinopse.
Pelo regimento interno da Câmara, para ter direito a aposentadoria o pretendente deve cumprir, pelo menos, um mandato mais três quartos do segundo mandato. Além disso, para conquistar a integralidade, há que ter discursado, ao menos uma vez, na tribuna daquela Casa. Apenas uma vez!
Pois exatamente naquele dia, pela primeira vez o deputado resolvera discursar. Uma pergunta se impõe: não seria mais fácil uma carta de renúncia? Ele, que em mais de dois anos não participara dos trabalhos legislativos, para que se expor naquele dia?
Eis o busílis da questão: o mandato do deputado era de inoperância total, não tinha serventia. A renúncia, por outro tem. Muita!
Com ela assume o ínclito José Genoíno, que passa a ter imunidade parlamentar, foro privilegiado e outros privilégios da casta política.
Assim, o deputado se aposenta, mostra-se um homem desprendido, e embora não haja registro a respeito, mesmo porque tais coisas não são registradas, talvez não precise trabalhar nunca mais.
Enfim o deputado Francisco Everardo de Oliveira Silva mostrou todo o seu talento como o palhaço Tiririca, há mais de vinte anos aclamado em todo o Brasil.
Mas pensando bem, tiririca é erva daninha. Palhaços somos nós.
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