Ricardo Noblat
No evento “Brasileiros do Ano”, em São Paulo, uma promoção da revista IstoÉ, o juiz Sérgio Moro, o principal homenageado, deixou ontem à noite o presidente Michel Temer, ali presente, numa tremenda saia justa.
Além de Temer, Moro dividiu o palco com os ministros Moreira Franco, da Secretaria-Geral da presidência, Henrique Meirelles, da Fazenda e Hélder Barbalho, da Integração Nacional. Eles foram os únicos que não aplaudiram o discurso de Moro.
Ao dirigir-se diretamente a Temer, Moro pediu sua ajuda para evitar que o Supremo Tribunal Federal recue da decisão de permitir a prisão de condenados na segunda instância da Justiça. Temer nem piscou. Fez de conta que não ouvira nada.
A Meirelles, Moro pediu que não deixasse faltar dinheiro à Polícia Federal, encarregada das ações da Operação Lava Jato. Ensinou: “Investir no combate à corrupção é algo que eleva a economia”. Meirelles não respondeu. Fez cara de paisagem.
Por fim, Moro defendeu o fim do foro privilegiado, que garante à milhares de autoridades, inclusive a ele, o direito de só serem processadas e julgadas pelos tribunais superiores. “Eu não quero esse privilégio para mim”, disse.
Nesse momento, Moro foi efusivamente aplaudido pela plateia, mas não por Temer, seus ministros e o presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), que também estava por lá.
Agraciada com o prêmio "Brasileira do Ano" na categoria Televisão, a atriz Juliana Paes comentou: "É muito difícil fazer papel de bandida no Brasil". De fato, já foi mais fácil.
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