Ilimar Franco - O Globo
Além de ministérios, partido precisa entregar cargos de segundo escalão
O risco da abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff ficou distante com a reforma ministerial que ampliou o espaço do PMDB no governo. O PSDB, que tinha pressa em votar o tema no plenário e pressionava o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tirou o pé do acelerador. Os tucanos estão refazendo as contas. O Planalto também terá uma base mais sólida para manter os vetos à pauta-bomba.
A reforma dá estabilidade ao governo Dilma. Foi graças à sua base parlamentar que o ex-presidente Sarney sobreviveu à hiperinflação. Mas para que essa sustentação seja permanente, e não desande no meio do caminho, será preciso que o PT abra mão, aceite compartilhar ou seja desalojado dos cargos de segundo escalão. O maior embate se dará no Ministério da Saúde.
O preenchimento desses cargos e as promessas feitas, e não cumpridas, têm sido uma fonte permanente de desgaste do Planalto. Os petistas resistem à entrega dos cargos. Por isso, o PDT e, depois, o PTB se declararam independentes. Essa também foi a razão pela qual o vice Michel Temer, cansado de ver seus acertos não saírem do papel, abdicou da coordenação política.
Com a reforma ministerial, as nuvens carregadas do céu ficaram esparsas. Mas para que o céu fique azul, é preciso completar o serviço. A tarefa de compartilhar o poder, cumprir promessas e atender as expectativas dos aliados, será, agora, do Secretário de Governo, o ministro Ricardo Berzoini. Como resume um governista, “vai dar para o Berzoini se divertir bastante” .
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