Da Folha de S.Paulo – Daniela Lima
PSDB diz a Temer que seu partido precisa assumir a condução do processo
Vice falou com Aécio Neves e José Serra antes de viagem, mas segue cauteloso para evitar pecha de conspirador
A cúpula do PSDB mandou um recado direto ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) na semana passada, às vésperas de sua viagem à Rússia. Disse que o impeachment da presidente Dilma Rousseff só ocorrerá se o PMDB, principal beneficiário do afastamento precoce de Dilma, assumir a liderança do processo.
Segundo a Folha apurou, a mensagem foi repassada ao vice-presidente por três líderes do PSDB: o senador Aécio Neves (MG), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (SP).
Aécio falou com Temer no último dia 11, antes de o vice viajar para o exterior. Procurados pela Folha, tanto o senador mineiro como a assessoria de Temer disseram que os dois falaram pelo telefone e que o assunto foi um projeto de lei que permite trocas de partido antes das eleições municipais do próximo ano.
No mesmo dia, à tarde, Temer recebeu Serra em sua residência, em São Paulo. Segundo o senador, eles conversaram sobre a situação econômica e a crise política apenas "genericamente". Serra e o vice-presidente são amigos.
Aliados de Aécio, FHC e Serra dizem que os três concordam com a ideia de que o PSDB não pode ser o condutor do processo de impeachment e que a sigla só deve assumir posição de protagonismo se for chamado a debater publicamente a situação política e os rumos do país.
DILMA VÍTIMA
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, outro líder da sigla, também prefere a cautela, segundo aliados. Ele teme que, se o PSDB não calcular os movimentos com cuidado, pode dar a Dilma a chance de se apresentar como vítima diante da crise.
Numa conversa recente com um aliado, Aécio que a cúpula da sigla está fechada com essa tese e emendou: "Se nos convidarem para conversar às claras, à luz do dia, não há como negar. Mas não vou, na calada da noite, falar sobre o desfecho da crise".
Segundo esse aliado, o senador avaliou que seu partido só terá legitimidade para debater abertamente o suporte a um eventual governo Temer depois que o peemedebista fizer um "pronunciamento firme de que a nação precisa de uma nova fase".
"Se ele fizer isso, eu e o Fernando Henrique seremos os primeiros a sentar na mesa, porque não jogamos contra o país", afirmou Aécio, segundo o aliado. Serra, o líder tucano mais próximo de Temer, teria feito a mesma avaliação.
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