Temos uma tendência natural de querer controlar o mundo, e invariavelmente entramos em conflito com outras pessoas, sem contar a decepção nas nossas iniciativas, pois a realidade é muito complexa e a nossa capacidade é realmente limitada.
Quando jovens, lutamos pela possibilidade de controlar a nossa vida e até pelo direito de controlar as nossas coisas.
Sonhamos com o dia em que completamos 18 anos para ter o controle sobre a própria agenda, dirigir, não dar satisfação aos pais.
Já adultos, e com a maturidade, passamos a olhar o mundo com mais aceitação, deixando um pouco de lado esse ímpeto de impor a nossa vontade, de controlar tudo que nos cerca.
Com o avançar da idade, as pessoas vão gradativamente controlando menos coisas, e nem por isso deixam de ser capazes de fazer e realizar um mundo de possibilidades e escolher dentre um elenco enorme de alternativas.
Muita coisa que acontece na nossa vida não sai do nosso agrado. A agonia para formatar tudo, consertar, colocar do nosso jeito é muitas vezes excessivo, inadequado e só conduz ao estresse.
É bom aceitar que muitas coisas não estão no nosso controle. Aceitar as coisas que não são de nossa responsabilidade e não estão no nosso alcance resolver, é um sinal de amadurecimento, de serenidade.
Deixe passar os pequenos detalhes. Se fixe na visão maior, no longo prazo.
Não fique insistindo. Não fique irritado. Não fique louco para discordar. Se acalme.
Essa questão do controle é paradoxal para muitos.
Pensam que buscando o controle total das coisas estarão mais seguros e serão mais felizes e mais realizados, mas pelo contrário, quando caminham nessa direção, ficam mais ansiosos e infelizes.
Quem tenta controlar tudo, frequentemente usa uma armadura de proteção para as coisas que fogem ao seu controle. Essa suposta proteção com a finalidade de isolá-los dos desapontamentos, também os isola dos relacionamentos, o que os torna mais infelizes.
Desapontamentos são parte da nossa vida, e muitos são inevitáveis.
Quanto menos controle se consegue, mais medo do futuro e medo dos desapontamentos, o que pode desaguar em ansiedade e eventualmente depressão.
Tentar controlar as emoções, colocar uma blindagem, se tornar mais insensível ,tampouco funciona – não é possível ignorar os próprios sentimentos, pois vamos ignorar a nós mesmos.
Isso tudo traz também a raiva e os comportamentos infantis, próprios de quem está contrariado e não sabe o porquê – é tanta coisa junto que só nos resta sentar e chorar feito criança mimada.
Vem então a raiva contra tudo que nos cerca.
A preocupação é normalmente o desejo de controlar. Muita expectativa nas coisas também é o desejo de controlar. O desejo de controlar tem o mesmo efeito de controlar ou tentar controlar.
Há um poder enorme em deixar ir, em abdicar do desejo de controlar. Rubens Sakay (Beco)
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