O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o prefeito Eduardo Paes, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o senador Romário (PSB-RJ) e o secretário de Coordenação de Governo da prefeitura do Rio, Pedro Paulo – Divulgação / Divulgação
Por Jamildo Melo, editor do Blog
A gravação que o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró fez para incriminar o senador Delcidio do Amaral (PT/MS) continua causando polêmica, agora no Rio de Janeiro. Desta vez, o político chamuscado foi senador Romário, do PSB do Rio de Janeiro e atualmente um dos favoritos à prefeitura carioca em 2016. O ex-jogador se elegeu deputado federal em 2010, senador em 2014, e aspira à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2016.
Primeiro, a gravação levou à prisão o banqueiro carioca André Esteves e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), além de assessores. Agora, a fita pode inviabilizar o futuro do ex-jogador, que entrou na política a pedido de Eduardo Campos.
Na gravação, o parlamentar e o advogado Edson Ribeiro sugerem que Romário fez um acordo com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), que mantém boa relação com o banqueiro preso.
Pela lógica da conversa, favorito à prefeitura carioca em 2016, Romário abandonaria seu desejo de ser candidato a prefeito para apoiar o candidato de Paes, o deputado federal licenciado Pedro Paulo Carvalho (PMDB).
Em troca de uma gorda ajuda financeira, é claro.
O caso é mencionado logo no começo da conversa. “Ai tá, pra acabar de complicar ainda mais o jogo aparece o Eduardo Paes com o Pedro Paulo, é, com o Romário”, diz Delcídio.
“Ué, fizeram acordo né?”, comenta Ribeiro. “Diz o Eduardo que fez”, afirma o senador do PT.
“Tranquilo. Tinha conta realmente do Romário”, ressalta Ribeiro. Surpreso, o filho de Cerveró questiona: “Tinha essa conta?”.
Na sequência, Delcídio conclui: “E em função disso fizeram acordo”.
O banco BTG Pactual, de propriedade de André Esteves, comprou, em julho de 2014, o suíço BSI, onde o senador Romário admitiu ter tido uma conta bancária. Um dos sócios do Banco BTG Pactual, dono do BSI, é Guilherme Paes, irmão do prefeito.
O jornalista Ricardo Noblat, do jornal O Globo, chegou a informar que “a turma de Romário começa a desconfiar” que a Prefeitura do Rio de Janeiro, comandada por Eduardo Paes (PMDB), estava relacionada com o vazamento da informação, uma vez que o ex-jogador aparecia em primeiro lugar, com cerca de 30%, nas intenções de votos para a Prefeitura do Rio.
O dinheiro no exterior foi objeto de uma polêmica reportagem na Veja, depois desmentida. Romário chegou a viajar para a Suíça e voltou com uma carta do banco abonando sua fala.
A notícia de que Romário era dono de uma conta no banco BSI da Suíça foi revelada pela revista Veja em julho deste ano.
A publicação chegou a publicar um extrato da conta com um saldo num valor equivalente a R$ 7,5 milhões.
Num primeiro momento, o senador disse que não se lembrava de ser proprietário da conta.
No dia 5 de agosto, o senador divulgou um comunicado BSI – cujo dono é Esteves – afirmando que o extrato divulgado por Veja era “falso”.
A revista chegou a reconhecer que cometera um erro.
Nesta sexta-feira, 27, o jornal O Globo publicou uma entrevista em que Romário admite ter sido dono, de fato, de uma conta no banco BSI. “Quando eu jogava na Europa, tive uma conta no BSI, só não sei o ano”, disse o ex-jogador.
O Ministério Público Federal afirmou ontem que o caso será apurado.
O senador Romário também solicitou que haja uma investigação sobre o caso.
Nesta manhã, Romário solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que peça ao Ministério Público da Suíça a abertura de uma investigação para apurar se a suposta conta em seu nome no BSI existe ou já existiu algum dia. No ofício, o senador pede ainda que seja averiguado se já houve alguma movimentação na conta citada.
Nesta manhã, Romário solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que peça ao Ministério Público da Suíça a abertura de uma investigação para apurar se a suposta conta em seu nome no BSI existe ou já existiu algum dia. No ofício, o senador pede ainda que seja averiguado se já houve alguma movimentação na conta citada.
“Em atenção ao acordo de cooperação firmado com a Suíça, bem assim, em face dos últimos acontecimentos noticiados pela imprensa nacional e internacional, em que fui envolvido em conversa do Senador Delcídio Amaral com o Sr. Bernardo Cerveró e seu advogado, Dr. Edson Ribeiro, como partícipe de um suposto esquema de favorecimento, alinhavado com o Prefeito do Município do Rio de Janeiro, Sr. Eduardo Paes, para “livrar-me” de suposta ocultação de recursos havidos junto ao Banco Suíço BSI e não declarados ao FISCO, em troca de apoio político ao futuro candidato do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB ao Palácio da Guanabara, Sr. Pedro Paulo, para solicitar-lhe seja oficiado ao Ministério Público Suíço para instaure procedimento investigatório, a fim de apurar se a suposta conta bancária apontada pela revista VEJA, como sendo de minha titularidade do BSI, realmente existe e, ainda, se algum existiu, assim como se já houve qualquer movimentação na malsinada conta bancária”, diz o ofício, protocolado às 9h desta sexta-feira.
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