Num comentário que postei, ontem, neste blog, criticando o voto do senador Humberto Costa, líder do PT no Senado, favorável a soltura do senador Delcídio Amaral, seu companheiro de bancada representante do Mato Grosso do Sul e igualmente líder, desta feita do Governo, disse que ele havia dado um tiro no pé. Mas acho que foi mais além: cavou também
a sua sepultura política.
Sinceramente, procurei uma só razão para entender a sua postura e não encontrei. Se ele tivesse votado por uma decisão partidária, tudo bem. Mas isso não ocorreu. Momentos antes da votação em sessão aberta do Senado, o PT abandonou Delcídio com um posicionamento público do seu presidente nacional, Rui Falcão. Isso não bastaria para Humberto seguir a maioria dos senadores, mantendo Delcídio na cadeia?
Não, em absoluto, ele não enxergou assim. Então, só dá para entender que Humberto fez um pacto com o satanás. Quando alguém está sendo puxado para a cova pelo diabo perde o bom senso e, sendo assim, é jogado na jaula do leão pelas garras do diabo. Com o voto para tirar Delcídio da cadeia, Humberto traiu todos os princípios de moralidade que pregou – se é que algum dia pregou – em praça pública.
Rasgou a ética, enxovalhou a sua vida pública. Como já foi citado no escândalo da Lava Jato, tendo já escapado de outro, o dos sanguessugas, Humberto votou com o fígado, esqueceu a cabeça. Com o seu voto pela salvação de Delcídio, imaginou que jogaria uma pá de terra em tudo que a Polícia Federal apurou e o Supremo Tribunal Federal se ancorou para pedir a prisão do líder do Governo.
Humberto cometeu, portanto, o maior erro da sua trajetória política. Não recaiam suspeitas sobre o acusado, no caso Delcídio Amaral, mas provas duras, contundentes, irrefutáveis. Tão fortes, aliás, que levaram a ampla maioria dos 81 senadores a referendar a decisão do Supremo.
Tenho dúvidas se com o seu voto, Humberto não deu também por encerrada a sua carreira pública, pois passará, a partir de agora, a vida inteira a se justificar por que só ele, entre os grandalhões do PT no Senado, carimbou a inocência de um corrupto na contramão da decência, dos princípios mais elementares da moralidade, da ética e do zelo pela coisa pública.
Virou, sabe ele sim, que não é bobo nem burro, um moribundo da política, um zumbi!
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