Blog do Kennedy
Está se confirmando para o governo Dilma o pior cenário congressual após a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS): uma paralisia que ameaça deixar na gaveta projetos importantes para a gestão das contas públicas.
A votação da emenda constitucional que prorroga a DRU (Desvinculação de Receitas da União), proposta que dá maior liberdade para gastos, enfrenta dificuldade de aprovação. Também há empecilho para mudar a nova meta fiscal, a fim de dar mais transparência ao deficit orçamentário deste ano e evitar que a presidente Dilma Rousseff seja acusada de desrespeitar a lei.
Para piorar a situação, a prisão de Delcídio atinge o Senado e dificulta a ação do comandante da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), um aliado que tem sido importante para o governo. Com isso, aumenta a dependência do governo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está em situação delicada.
O Palácio do Planalto, que imaginava ter um fim de ano mais tranquilo, para jogar a crise para o ano que vem, volta a viver um momento ruim. E é justamente essa estratégia de esperar a crise passar que tem agravado os problemas do governo.
A crise não vai passar, porque a Operação Lava Jato tem potencial para continuar a atingir políticos importantes durante todo o segundo mandato de Dilma. Se a chamada agenda “delegacia de polícia” vai se estender por tanto tempo, o governo precisa ter uma agenda paralela.
Para isso, é necessário costurar um acordo mínimo com a oposição sobre alguns projetos que precisam ser aprovados pelo Congresso e medidas que devem ser adotadas pelo governo. O argumento principal é deixar claro que são propostas que iriam além da atual gestão e que teriam impacto sobre um eventual governo da oposição a partir de 2019.
Exemplos: um plano fiscal de longo prazo para reduzir o tamanho da dívida pública e permitir a queda dos juros e uma reforma da Previdência que introduza a idada mínima para solicitar o benefício, a fim de garantir recursos para o sistema no longo prazo.
Há temas do país que demandam uma ação da presidente. É dela que tem de partir a iniciativa. Em entrevista ao SBT, o prefeito de Salvador, ACM Neto, diz que não entende por que Dilma não chama a oposição para conversar. Afirma que a oposição não poderia recusar. Ao mesmo tempo, avalia que isso não acontece porque falta capacidade à presidente para tirar o país da crise. Enfim, a bola está com a presidente.
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