Ricardo Noblat
Quem lhe parece mais cínico?
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, que usa os poderes do cargo para tentar preservar seu mandato depois de acusado de mentir aos seus pares?
Ou a oposição, que ontem anunciou estar disposta a bater à porta do Supremo Tribunal Federal para denunciar Eduardo pelo uso do cargo em seu próprio benefício?
Cravo a segunda opção.
Até concluir que Eduardo lhe passara a perna e que não admitirá a abertura de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, a oposição incensou-o mais do que pôde ou deveria.
Desgastou-se por causa disso. Sem perder a coerência, logo ela que cobra coerência do governo, como a oposição poderia aliar-se a Eduardo, às voltas com dinheiro de origem suspeita?
Ela não pode dizer que o governo é corrupto e que Eduardo não é. Ao pé da letra, governo e Eduardo só poderão ser chamados de corruptos se condenados pela Justiça.
O mesmo oportunismo exibido por Eduardo e que agora se volta contra ele, contaminou a oposição e, agora, se volta contra ela. O povo não é tão bobo como os políticos imaginam.
A mudança de comportamento da oposição derivou da descoberta feita por meio de pesquisas de opinião de que ela estava sendo mal avaliada pelo distinto público. Foi só por isso.
Cabeças coroadas da oposição que lideraram, esta semana, uma passeata de protesto contra Eduardo pelos corredores da Câmara, até outro dia confraternizavam com ele e o apoiavam sem restrição.
Não se cobra de Dilma que confesse seus erros e peça desculpas? Por que não se faz o mesmo com a oposição?
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