Época - Talita Fernandes e Filipe Coutinho
Em trecho de delação obtida por ÉPOCA, Mabel aparece como responsável por inserir uma emenda em uma MP para atender aos interesses de um empresário
Do 3º andar do Palácio do Planalto, mesmo piso em que fica a sala do presidente da República, Michel Temer, despacha o ex-deputadoSandro Mabel, do PMDB. Empresário milionário, o veterano Mabel atua como assessor especial de Temer para assuntos relacionados à Câmara dos Deputados, que conhece como poucos. Mabel é presença frequente e prestigiada ali. Neste ano, já articulou, a mando do governo, votos para tentar salvar o colega de partido, Eduardo Cunha, atuou na escolha do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM, e compareceu às votações decisivas do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Quem fala com Mabel sabe que ele é uma das vozes do governo Temer. Sabe, também, que é próximo de Eduardo Cunha – um elo que pode atrapalhar o trabalho de Mabel e constranger o Palácio do Planalto nos próximos dias, após a prisão do ex-presidente da Câmara.
Em trecho de uma delação premiada obtida por ÉPOCA, Sandro Mabel aparece como o responsável por inserir uma emenda em uma Medida Provisória para atender aos interesses de um empresário, prática comum e lucrativa, um derivativo do poder das assinaturas em Brasília. Em 2012 Nelson Mello era diretor de Relações Institucionais da Hypermarcas, uma das maiores fabricantes de produtos farmacêuticos do país, quando conheceu o então líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha.
O doleiro Lúcio Funaro, operador de Cunha, arranjou um encontro no apartamento funcional do deputado em Brasília. Mello disse a Cunha que queria introduzir uma mudança na lei, para permitir a venda de medicamentos sem receita médica. Entregou recortes de jornais e documentos que, segundo ele, mostravam como tal prática era comum em alguns países. “Eduardo Cunha recebeu esses documentos e fez algumas perguntas; que meses depois houve votação na Câmara e o projeto dos medicamentos isentos de prescrição foi aprovado”, diz o depoimento de Mello.
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