Leandro Colon - Folha de S.Paulo
A prisão de policiais legislativos acusados de proteger senadores da Lava Jato não surpreende quem viu de perto escândalos passados no Senado.
Apesar de reveses de alguns anos para cá, um grupo de servidores continua mandando e desmandando.
É a mesma ala que atuou lá atrás na edição dos atos secretos, na criação de 30 diretorias e no pagamento de hora extra a fantasmas.
Por exemplo, o Senado acaba de torrar R$ 120 mil para imprimir dois luxuosos livros sobre o impeachment de Dilma Rousseff. Ao menos 33 pessoas editaram o material.
É tudo de primeira, do papel couchê à capa dura. Um livro tem 348 páginas e reproduz a sessão que afastou Dilma do cargo no dia 12 de maio. Ao todo, 1.000 edições foram impressas ao custo de R$ 34 mil.
Com 664 páginas, o segundo, sob o título "Impeachment", traz a íntegra do julgamento de sete dias da petista, realizado em agosto.
Para este, foram produzidos 1.500 exemplares por R$ 86,3 mil. Os livros foram distribuídos a autoridades, senadores, bibliotecas e dezenas de jornalistas.
Recebi um exemplar do "Impeachment", acompanhado de bilhete assinado pelo presidente Renan Calheiros. Outros sete livros iguais foram enviados àFolha em Brasília.
Diz Renan na introdução que a publicação representa "ampliação da transparência e o aumento do controle público". Transparência desnecessária porque qualquer um pode ler as íntegras das sessões de agosto e de maio no site do Senado. Além disso, os dois livros estão abertos na internet.
A assessoria de imprensa do Senado diz que não houve pagamento a terceiros — como se esse fosse o problema. Nenhum dos 81 senadores pode reclamar, afinal todos saíram muito bem na foto da contracapa do livro "Impeachment".
E a obra sobre a sessão de maio tem um capítulo à parte, imperdível: "Renan Calheiros, Serenidade e Espírito Público"
Comentários
Postar um comentário