Carlos Chagas
Quem tem medo de Eduardo Cunha? Todo mundo. Por conta disso, cresce a impressão de que ele permanecerá indefinidamente preso e, pior ainda, quase incomunicável. Numa cela privativa, na Polícia Federal de Curitiba, recebendo bissextamente advogados e familiares, sem acesso à televisão e outros meios eletrônicos de comunicação, privado até da leitura de jornais, muito menos de dialogar com outros presos, o réu assistirá lento desenrolar dos múltiplos processos abertos contra ele. Até o banho de sol com limitações.
Terá liberdade para escrever suas memórias, apesar das dificuldades que enfrentará para editá-las. A estratégia do juiz Sérgio Moro parece óbvia: isolar Eduardo Cunha para torná-lo impotente. Ou quase. Num cabo de guerra invisível, pretendem que seu isolamento, senão conduzi-lo ao esquecimento, chegará perto.
Caberá ao ex-presidente da Câmara o próximo passo: conseguir a delação premiada e denunciar as estruturas e os agentes da corrupção hoje amedrontados e à beira de um ataque de nervos, ou fechar-se em copas para vencer seus algozes pelo cansaço. Nas duas hipóteses disporá de argumentos para intimidar a legião de inimigos e adversários temerosos de fazer-lhe companha atrás das grades.
Tem gente supondo que o alvo principal da Operação Eduardo Cunha é o Lula. Pode ser, tendo em vista o conjunto de forças dispostas a manter o instável equilíbrio do governo Temer, respaldado pelos setores conservadores e neo liberais, além da mídia nacional.
Desconfia-se que se Eduardo Cunha fizer o jogo dos detentores do poder, contará com a boa vontade dos seus carcereiros. Nada que signifique tão cedo a liberdade, mas, ao menos, um regime mais brando.
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