Josias de Souza
Segundo a crença dos devotos do PT, Lula não tem muito a dizer sobre os momentos mais constrangedores de sua passagem pelo poder porque ele não sabia da devassidão que vicejava ao seu redor. A julgar pelo seu comportamento atual, Lula não sabia e continua não sabendo. Nunca um culpado pareceu tão inocente. Ou, por outra, nunca um inocente pareceu tão culpado. Do ponto de vista da Lava Jato, a situação de Lula mudou de patamar. Piorou!
Antes, o ex-presidente era acusado de ter seus confortos bancados por empreiteiras num sítio e num apartamento de praia. Ou no pagamento do aluguel dos contêineres que guardam suas “tralhas”. Ou na recompensa pelo tráfico de influência camuflada sob a aparência de remuneração de palestras. Agora, a acusação é mais direta: o “amigo” que aparece nas planilhas da Odebrecht associado a R$ 8 milhões em propinas é Lula, acusa a Polícia Federal.
A defesa de Lula reitera o mantra: “É perseguição política”. No fim das contas, Lula parece reivindicar que os investigadores levem em conta a sua inocência inquestionável. É como se exigisse para si um julgamento à parte, um veredicto que não ousasse responsabilizá-lo pelas culpas do sistema. Sempre foi assim, caramba!
Lula deseja que a Lava Jato leve em conta que, no governo, ele lutava por uma biografia ao mesmo tempo que tinha que cuidar da governabilidade. Seus aliados queriam propinas, não um bom nome. Deve doer em Lula o destino que a história lhe reservou. Um destino de ex-monarca obscuro, numa peça de enredo confuso, em que o personagem central é um juiz de Curitiba e o epílogo é a Odebrecht.
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