Por diversas razões, há interesse público numa delação do peemedebista
Blog do Kennedy
A prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) abre uma fase de instabilidade política para o governo Temer que pode paralisar ou até ameaçar a sobrevivência da atual administração.
Há dez dias, foi aprovada na Câmara em primeiro turno a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que cria um teto para limitar o crescimento das despesas públicas. O governo Michel Temer se fortaleceu e deu início a uma ofensiva política para aprovar medidas econômicas no Congresso.
Com o impacto da notícia da prisão, a Câmara suspendeu suas atividades ontem. Não votou um projeto que desobriga a Petrobras de ser a exploradora única dos campos de petróleo do pré-sal nem conseguiu fazer sessão do Conselho de Ética. É natural algo assim no calor dos acontecimentos.
A prioridade do presidente Michel Temer, que volta hoje ao Brasil, será evitar uma paralisação do governo, como já vimos em crises que aconteceram na gestão Dilma. Temer deve fazer um apelo aos líderes partidários para que não interrompam as articulações para votar a PEC do Teto e deverá pedir que acelerem os trabalhos.
O melhor escudo contra uma crise política seria resolver ou amenizar a crise econômica. O recomendável seria apresentar logo a proposta de reforma da Previdência. Mas será importante ver os desdobramentos da prisão sobre as atividades do Congresso e do governo daqui em diante.
Há temor no governo de que Cunha faça revelações que derrubem ministros e auxiliares de Temer. Também existe preocupação sobre a versão que Cunha apresentará da relação que teve com Michel Temer quando o atual presidente da República era vice e presidente do PMDB. Nos bastidores, Temer sempre disse estar preparado para combater eventuais ataques de Cunha e afirmou que não haveria nada comprometedor que o ex-presidente da Câmara pudesse revelar a respeito dele. A hora de enfrentar Cunha chegou, trazendo incerteza política para o atual governo.
Para complicar, haverá também uma onda negativa contra peemedebistas e tucanos com uma leva de novas delações _de executivos da Odebrecht, de Fernando Cavendish da Delta e complementos de colaborações da Andrade Gutierrez, por exemplo.
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