Pular para o conteúdo principal

A fragilidade da democracia brasileira

Brasília - O Deputado Bruno Araujo profere o voto que garante a autorizacao do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no plenário da Câmara dos Deputados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Por José Maria Pereira da Nóbrega Júnior
Tive um paper aceito, mas não apresentado por falta de recursos, na APCP (Associação Portuguesa de Ciência Política) deste ano, intitulado “A qualidade da democracia brasileira: avanços e desafios”.
Neste trabalho utilizei o método qualitativo com o survey feito pelo Latinobarómetro (Organização internacional que faz pesquisa de qualidade de regimes políticos) em 2013, ou seja, quando a impopularidade da presidente Dilma não era tão elevada.
O paper foi escrito já faz um tempo e está em stand by, pois vou continuar trabalhando nele no intuito de amadurece-lo e envia-lo para uma revista/periódico (sabemos da tarefa árdua que é trabalhar um artigo para depois submetê-lo com o mínimo de erro possível a um periódico bem qualificado).
No survey aplicado pelo Latinobarómetro os números de insatisfação com a democracia entre os brasileiros já eram bastante acentuados, a começar pela mecanismo da eleição.
Para a maioria dos eleitores, o governo não reduz as diferenças entre ricos e pobres e as eleições não são limpas.
Ora, o primeiro ingrediente para a análise da existência de democracia elencado pelos cientistas políticos contemporâneos são as eleições livres e limpas, mas, mesmo neste critério o Brasil é mal avaliado.
Ainda neste survey, 87% dos entrevistados acreditam que o Executivo não controla o Legislativo (mesmo com o poder de jure que possui).
Apenas 6,6% dos eleitores afirmaram que o governo fornece serviços públicos de qualidade. 12% destes afirmaram que os partidos políticos competem de maneira limpa às eleições.
12,8% responderam que a política está livre da corrupção. E só 10% respondeu que as instituições garantem igualdade de tratamento entre ricos e pobres.
O survey do Latinobarômetro traz muitas informações que corroboram a tese da fragilidade democrática antes da crise pela qual passamos. O que acontece no quadro político atual é uma degradação maior ainda da já frágil democracia brasileira.
José Maria Pereira da Nóbrega Júnior é recifense, torcedor do Sport e Professor de Ciência Política da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, Brasil.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

'Fi-lo porque qui-lo': aprenda gramática com frase histórica de Jânio Quadros

FI-LO PORQUE QUI-LO                       Vamos lembrar um pouco de história, política e gramática?                     O ex-presidente Jânio Quadros gostava de usar palavras difíceis, construções eruditas, para manter sua imagem de pessoa culta. Diz o folclore político que, ao ser indagado sobre os motivos de sua renúncia, em 1961, teria dito: "Fi-lo porque qui-lo".                     Traduzindo para uma linguagem mais acessível, mais moderna, ele quis dizer "fiz isso porque quis isso", ou, simplificando, "fiz porque quis".                     Esse "LO" nada mais é que o pronome oblíquo "O", que ga...

Vimos ou viemos à reunião?

Nós VIMOS ou VIEMOS à reunião? Muita gente tem dúvida na hora de flexionar o verbo VIR. Quer um exemplo: Como você diria: “Nós VIMOS ou nós VIEMOS à reunião?” A resposta é: depende. Sim, depende do tempo a que nos referimos. A forma VIMOS é do presente do indicativo. Por exemplo:  “VIMOS, por meio desta, solicitar..." (o verbo VIR está na 1ª pessoa do plural, no presente do indicativo); A forma VIEMOS é do pretérito, do passado. Exemplo: "Ontem nós VIEMOS à reunião." (o verbo VIR está também na 1ª pessoa do plural, mas desta vez no pretérito perfeito do indicativo). Muita gente evita usar o presente, porque a forma VIMOS é, também, o passado do verbo VER: "Nós o vimos ontem, quando saía do escritório".  Para não ter dúvidas sobre qual é o verbo que está sendo usado (o VIR ou o VER), ponha o verbo no singular. Veja: “VENHO, por meio desta, solicitar...” (essa é a 1ª pessoa do singular, em vez de VIMOS, 1ª do plural); “Eu o VI ontem, quando saía do escritório” (e...