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Falando para os livros


Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff e seus aliados têm afirmado que a história condenará quem votar a favor do impeachment. Nesta segunda, o discurso foi repetido pelo ex-presidente Lula e pelo ministro José Eduardo Cardozo.
"A história não perdoa a violência contra a democracia", disse Cardozo, ao apresentar a defesa da presidente na Câmara. "Este processo não deve ser chamado de impeachment. Deve ser chamado de golpe. Golpe de abril de 2016", reforçou o ministro.
Horas depois, em discurso para milhares de cariocas na Lapa, Lula citou a derrubada do presidente João Goulart. "Jamais imaginei que a minha geração, que viu o golpe de 64, ia ver golpistas tentando tirar uma presidente democraticamente eleita."
Dilma voltou a mirar a história ontem, ao identificar o vice-presidente Michel Temer e o deputado Eduardo Cunha como "chefe e vice-chefe do golpe". "Se ainda havia alguma dúvida sobre o golpe, a farsa e a traição em curso, não há mais. Se havia alguma dúvida de que há um golpe de Estado em andamento, não pode haver mais", afirmou, no Planalto.
"Estão tentando montar uma fraude para interromper, no Congresso, o mandato que me foi conferido pelos brasileiros. Na verdade, trata-se da maior fraude jurídica e política de nossa história", arrematou.
É cedo para saber como a posteridade vai tratar a crise que se desenrola diante dos nossos olhos. O julgamento da história dependerá do que vemos, do que ainda não conseguimos ver e do que acontecerá depois da votação decisiva.


Na hora mais dramática da crise, Dilma parece preocupada em deixar sua versão para os livros. Sua narrativa poderá prevalecer no futuro, mas tem poucas chances de influenciar os fatos de hoje a domingo. Os deputados que decidirão o impeachment têm inquietações mais presentes. Entre elas, o medo das prisões da Lava Jato e a disputa por verbas e cargos a partir de segunda-feira, seja quem for o presidente.

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