O Planalto teve uma derrota muito maior do que havia previsto na votação da comissão especial que analisou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Aliados governistas previam uma diferença de apenas cinco votos. O placar, de 38 a favor do afastamento e 27 contrários, registrou uma diferença de 11 votos, jogando por terra o discurso oficial de que a vitória seria apertada. A partir de ontem e até o próximo domingo, batalha final do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, o Governo e aliados continuarão atacando o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Condutor da sessão de votação do impeachment, Cunha será carimbado como o artífice do golpe, mas na batalha parlamentar o Governo se concentrará na disputa sobre o rito que organizará a votação em plenário. O Planalto quer manter as mesmas regras usadas no afastamento do ex-presidente Collor, especialmente a votação por ordem alfabética.
A avaliação é que Cunha usará os espaços que tiver no regimento interno da Câmara para criar uma pressão sobre os parlamentares que ainda chegarem ao dia da votação indecisos. O presidente da Câmara já disse que iniciará a votação pelos Estados do Sul e Sudeste, majoritariamente favoráveis ao impeachment, para só depois chegar aos do Nordeste e Nordeste, onde o Governo conta com a atuação do ex-presidente Lula para reverter votos e garantir a vitória.
O Governo precisa evitar que 342 dos 513 deputados votem pelo impeachment. O resultado da comissão complica a estratégia do Planalto que aposta numa vitória em plenário, mas esperava dar algum sinal de força na primeira votação na comissão para chegar menos enfraquecido à votação final, domingo próximo.
MÁSCARA– Apesar de resultado desfavorável na comissão especial, o Palácio do Planalto comemorou uma vitória em outro campo: sem disfarçar, festejou a chance de reforçar a imagem de golpista do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), após o vazamento de um áudio em que ele fala como se o afastamento da presidente Dilma já estivesse sido aprovado. Ao ser informada da gravação, Dilma reagiu dizendo que havia “caído a máscara” do vice-presidente e o Governo se articulou para condenar a atitude como prova de que ele trama para assumir a Presidência da República.
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