Certo de que o impeachment da presidente Dilma já tem mais de 50 votos no plenário do Senado para ser aprovado em 11 de maio, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) articula a montagem do seu Ministério, até para ganhar tempo, porque atender a todos os partidos num Governo de coalização não é tarefa fácil. Presidente da Câmara dos Deputados por duas vezes, emérito presidente do PMDB e jurista conceituado, Temer deve estar consciente de que a escolha da sua equipe será fundamental para ganhar a respeitabilidade da Nação e o engajamento da sociedade como alicerce básico de sustentação.
Por isso mesmo, Temer não pode cometer o grave equívoco de convocar para o seu primeiro escalão ou escalões inferiores, além das estatais, políticos envolvidos no escândalo da Lava Jato ou em outras falcatruas. Um dos nomes especulados a ocupar gabinete na Esplanada dos Ministérios é o senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente em exercício do PMDB. Cotado para o Planejamento, Jucá, se vier a ser confirmado, será um tiro no pé. De origem pernambucana, mas atuando em Roraima há mais de 30 anos, Jucá é citado não apenas na Lava Jato. Responde a 28 processos de natureza criminal.
Segundo o doleiro Youssef, Romero Jucá, ao lado de Renan Calheiros, Valdir Raupp e Edison Lobão, teria dado apoio a Paulo Roberto Costa para mantê-lo no posto de diretor de Abastecimento da Petrobras. A partir do apoio dos peemedebistas, o partido passou a receber propina no esquema de corrupção que atuava dentro da Petrobras. Em sua delação, o senador Delcidio do Amaral, ex-líder do Governo no Senado, relatou que Jucá participou, dentre outras coisas, do grupo de políticos do PT e do PMDB que receberam R$ 30 milhões em propinas pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
As alegações de Amaral apontam que Jucá faria parte de um “núcleo duro” da diretoria nacional do PMBD influenciando todas as decisões tomadas pelo partido. Alçar Jucá a um posto do primeiro escalão mancha de largada o Governo Temer, que, num momento crucial como este, tem que recorrer a nomes honrados, sem máculas. Políticos que estiveram recentemente com o vice-presidente trazem informações conflitantes.
Uns dizem que ele está convencido de que não pode prescindir de um Ministério de notáveis. Outros, que pode governar com um grupo doméstico, uma patota, ministros selecionados por méritos não de competência, mas de amizade e confiança. Oxalá que a primeira opção seja mais realista e verdadeira, porque já se criou uma grande expectativa em relação ao que Temer poderá fazer para recuperar o País e a autoestima dos brasileiros.
DEFESA– Depois de ter cancelado a ida ao Senado para defender a presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, a ministra Kátia Abreu, da Agricultura, confirmou sua presença na Comissão Especial do Impeachment, hoje, para explicar, segundo ela, "a importância da equalização dos juros para a agricultura brasileira". A ministra pretende demonstrar que o que está sendo chamada de "pedalada" para garantir o Plano Safra foi uma antecipação de desembolso pelo Banco do Brasil a fim de equalizar (pagar a diferença entre o juro cobrado ao produtor rural, que hoje é 8,75%, e o juro real nos bancos, que é de 16%), mas quitar no mesmo ano fiscal. Ela comparou o pagamento antecipado a "comprar fiado, anotar na caderneta e depois pagar".
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