Apesar de 77% defenderem cassação do deputado, ele costura pena branda no Conselho de Ética
El País - Rodolgo Borges
Quantas vidas tem Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara? Na semana anterior à votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, especulava-se que o peemedebista não teria condições de se manter à frente da Casa após o último domingo. Sem a blindagem do processo que conduziu de forma expressa — e potencialmente nocivo a um futuro Governo Michel Temer —, Cunha, que enfrenta processo por quebra de decoro no Conselho de Ética, seria jogado à própria sorte. Mas o recebimento do impeachment pela Câmara parece ter dado força ao peemedebista, e ao menos um aliado de Temer no parlamento disse ao EL PAÍS que Cunha poderia ser útil ao cada mais provável novo Governo.
Apesar da impopularidade de Cunha pelas ruas do Brasil — 77% da população gostariam de vê-lo cassado —, é inegável a satisfação dos deputados com sua presidência. Desde que foi eleito para o cargo, em fevereiro de 2015, Cunha elevou a Câmara a uma posição de protagonismo em Brasília. Questionado se sente algum constrangimento por ter um presidente investigado por corrupção, já que Cunha também virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta da Operação Lava Jato, o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) preferiu destacar as competências do colega de partido. "Ele chega aqui todos os dias às 8h. Nos dá todas as condições de trabalho."
Outro peemedebista do Sul, o deputado Darcísio Perondi (RS) foi um dos líderes do Comitê do Impeachment, é próximo do vice-presidente, e, antes mesmo da aprovação do impedimento na Câmara, já projetava o futuro Governo Michel Temer. Para ele, alguém com a habilidade e o conhecimento de Cunha seria ideal para conduzir as reformas que os partidários de Temer enxergam necessárias no Governo. Os benefícios, do seu ponto de vista, seriam maiores que os malefícios de imagem que Cunha poderia causar à imagem de Temer — no discurso dos apoiadores da presidenta Dilma Rousseff, o presidente da Câmara agiu pelo impeachment em parceria com o vice-presidente da República.
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