Se os números da oposição estiverem certos, a presidente Dilma já pode arrumar as malas e dar adeus ao poder. Na última checagem de ontem do núcleo que coordena o levantamento dos votos Estado por Estado, o impedimento da petista já tem a adesão de 362 parlamentares. O quórum mínimo para aprovação é de 342 votos. Neste caso, são 20 votos a mais do que o exigido.
De acordo com os dados apurados, 128 deputados são contrários e 24 ainda estão indecisos. Tentando não perder o otimismo, o Governo propaga entre aliados ter os votos necessários para barrar o impeachment – 172. Mas o Palácio do Planalto tem números que mostram vantagem para a oposição, mas insiste em não dar o braço a torcer.
Numa forma de conter o desânimo da militância, o Governo intensificou o trabalho no Senado, onde acredita que conseguirá maioria para barrar o impeachment. O Governo, em posição desfavorável, passou a jogar mais pesado, indo para o tudo ou nada. A seu favor, a máquina pública e o Diário Oficial.
Os defensores do impeachment têm promessas de retribuir quem votar a seu favor. Todos os lados estão empenhados em seus respectivos balcões de negócio. Neste quesito, porém, o peso de controlar a máquina não está ajudando muito o Governo. Um relatório da Arko Advice, consultoria de análises políticas, alerta de que Dilma negocia apoio com quem não tem histórico de entregar o que promete.
O caso mais visível e simbólico é o PP. Mesmo pleiteando cargos de peso, como os ministérios da Saúde e da Integração Nacional, além da presidência da Caixa, o PP prometeu mais do que foi capaz de entregar. Nove diretórios estaduais da legenda decidiram apoiar o impeachment, pressionando os deputados a fazê-lo, o que fez o partido debandar do Governo.
A esperança de Dilma de agrupar os partidos pequenos e médios em um grande “Centrão” também pode ser frustrada. A Arko lembra que, nas votações importantes, apenas metade dos deputados do PP, PR e PSD acompanha a orientação do governo. “Vai ser uma vitória acachapante”, comemorava, ontem, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) ao lado de outras lideranças de oposição enquanto juristas afirmavam em ato na Câmara que havia embasamento para o impeachment.
COMO SE DARÁ– Começa hoje, às 8h55m, no plenário da Câmara, a discussão do processo do impeachment. Discursam, inicialmente, os autores do pedido e a defesa de Dilma. Cada um dos 25 partidos também pode se pronunciar. Amanhã, os debates devem continuar e os deputados poderão se manifestar individualmente. No domingo, a sessão é aberta às 14h, e a votação está prevista para começar às 15 horas.
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