Do blog do Kennedy
É preciso ter cautela em relação à delação de Fernando Moura, que já negou uma primeira versão dada aos investigadores e ontem recebeu nova chance do juiz Sergio Moro para falar o que sabe. Como todas as demais delações, precisará ser acompanhada de provas.
Como Moura já admitiu que mentiu, é razoável que haja ainda mais cuidado ao levar ao pé da letra as suas afirmações. Mas é importante que o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, manifeste-se diretamente sobre essa delação.
Moura disse que ouviu em 2002 do então futuro ministro José Dirceu que Aécio havia pedido ao presidente eleito, Lula, para manter Dimas Toledo na diretoria de Furnas. Segundo Moura, Dimas Toledo teria dito a ele que um terço da propina de contratos da estatal elétrica seria destinado a Aécio.
Não é a primeira vez que há uma menção a Aécio na Lava Jato. Até hoje, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não viu consistência para pedir uma investigação a respeito do senador.
No entanto, como um dos principais líderes da oposição e crítico do PT, politicamente é necessário que Aécio trate do tema diretamente.
Em 2002, ele manteve boa relação política com Lula. Isso gerou ciúme no PT e no PSDB. Esse bom relacionamento durou todo o governo Lula. Em 2014, quando Lula entrou pra valer na campanha à reeleição de Dilma, ele atacou duramente Aécio. Hoje, não são mais amigos, mas adversários ferrenhos.
A guerra política entre petistas e tucanos explodiu pontes. A política brasileira está ficando envenenada. Em relação à Lava Jato, do mesmo jeito que são cobradas explicações de Lula, também devem ser cobradas de Aécio.
O argumento de que o PT tenta envolver o PSDB na Lava Jato é frágil. Se tivessem algum poder sobre a Operação Lava Jato, os petistas não estariam na situação atual de extrema dificuldade, alguns presos em Curitiba.
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