Pular para o conteúdo principal

HC: "Não tenho condições de me manifestar"

Josias de Souza
Acusado de utilizar a empresa Brasif Exportação e Importação para enviar ao exterior dinheiro destinado à ex-amante Mirian Dutra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou não ter condições de se manifestar. Vai aguardar pelo pronunciamento da própria Brasif.
Eis o que afirmou FHC em nota oficial: “Desconheço detalhes da vida profissional de Miran Dutra. Com referência à empresa citada no noticiário de hoje, trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários.”
Foi a própria Mirian Dutra quem informou, em conversa com a repórter Mônica Bergamo, que a Brasif socorreu FHC. Segundo ela, as transferências foram feitas por meio de um contrato fictício de trabalho. Assinado em dezembro de 2002, vigorou até dezembro de 2006 (veja reprodução abaixo).
No papel, a jornalista deveria prestar “serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes.'' Realizaria também pesquisas “tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops'' em países da Europa.
irian, que é jornalista e mantinha também um contrato com a TV Globo, disse que “jamais” realizou as tarefas previstas no documento da Brasif. A despeito disso, recebia US$ 3.000 por mês. Nessa versão, o dinheiro destinava-se a suplementar sua renda e de seu filho, Tomás Dutra Schmidt. “Eu trabalhava na TV Globo e tive um corte de 40% no salário em 2002. Me pagavam US$ 4.000. Eu estava superendividada, vivia de cartões de crédito e fazendo empréstimo no banco. Me arrumaram esse contrato para pagar o restante'', disse Mirian.
Ouvido, o dono da Brasif, Jonas Barcellos, não negou o acerto. Mas alegou não se lembrar de detalhes. “Tem alguma coisa, mesmo, sim'', afirmou, quando questionado sobre o contrato firmado com Mirian Dutra para ajudar FHC. “Eu só não sei se era contrato. […] Vou fazer um levantamento na empresa para esclarecer tudo.'' Tratou do tema com FHC? “Faz muito tempo, eu preciso pesquisar e me lembrar para responder.''
Em sua nota, FHC comenta os dois testes de DNA que descartaram a hipótese de ele ser o pai biológico do filho de Mirian, Tomás. “Para nossa surpresa, o primeiro teste deu negativo, daí o segundo, que também comprovou que não sou pai biológico de Tomás. Sempre me dispus a fazer qualquer outro teste que os interessados julgassem conveniente.”
FHC reiterou no texto que, “a despeito” do resultado negativo dos testes de paternidade, procurou manter “as mesmas relações afetivas e materiais com o Tomás.” Continuou sustentando seus estudos. Confirmou ter doado ao rapaz um apartamento em Barcelona.
O dinheiro veio “de rendas legítimas de meu trabalho, depositadas em contas legais e declaradas ao IR, mantidas no Banco do Brasil em NY/ Miami ou no Novo Banco, Madri, quando não em bancos no Brasil”, anotou FHC. Quanto à verba usada na compra do apartamento, foi trasnferida de sua conta no Bradesco, “com o conhecimento do Banco Central.”
Vai abaixo a íntegra da nota de FHC:
Com relação ao noticiário de hoje, faço os seguintes esclarecimentos:
Os dois testes de DNA para reconhecimento de paternidade que foram feitos nos Estados Unidos tinham o propósito de dar continuidade a meu desejo de fundamentar declarações feitas por mim em Madri de que Tomás Dutra Schmidt seria meu filho (Ele, então, morava em Washington). Para nossa surpresa, o primeiro teste deu negativo, daí o segundo, que também comprovou que não sou pai biológico de Tomás. Sempre me dispus a fazer qualquer outro teste que os interessados julgassem conveniente.
A despeito disso, procurei manter as mesmas relações afetivas e materiais com o Tomás. Daí que tivesse continuado a pagar sua matrícula e sustento em prestigiada universidade americana. Da mesma forma, doei mais recentemente um apartamento a ele em Barcelona, bem como alguns recursos para fazer os estudos de mestrado e, quando possível, atendo-o nas necessidades afetivas.
Os recursos para tanto provieram de rendas legítimas de meu trabalho, depositadas em contas legais e declaradas ao IR, mantidas no Banco do Brasil em NY/ Miami ou no Novo Banco, Madri, quando não em bancos no Brasil.
A doação para a compra do imóvel foi feita por intermédio de transferências de recursos meus no Bradesco com o conhecimento do Banco Central. Nenhuma outra empresa, salvos as bancárias já referidas, foi utilizada por mim para fazer esses pagamentos.
Desconheço detalhes da vida profissional de Miran Dutra. Com referência à empresa citada no noticiário de hoje, trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários.


Questões de natureza íntima, minhas ou de quem sejam, devem se manter no âmbito privado a que pertencem.''

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mapa das facções em presídios brasileiros

Governo sanciona Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018

Do G1 O governo sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 com mais de 40 vetos. O texto, os vetos e as exposições de motivos que levaram a eles foram publicados na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União. A LDO de 2018 foi aprovada no mês passado pelo Congresso Nacional contemplando um rombo primário nas contas públicas de R$ 131,3 bilhões para 2018, dos quais R$ 129 bilhões somente para o governo federal. O conceito de déficit primário considera que as despesas serão maiores do que as receitas sem contar os gastos com o pagamento de juros da dívida pública. A LDO também traz uma estimativa de salário mínimo de R$ 979 para 2018, um aumento de 4,4% em relação ao salário mínimo em vigor neste ano, que é de R$ 937. Entre outros indicadores, a LDO prevê um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% em 2018. A inflação estimada é de 4,5% e a taxa básica de juros deve ficar, segundo a proposta, em 9% na média do próximo ano. Mais de 40 v

Dólar opera em alta e bate R$ 4,40 pela 1ª vez na história

No ano, o avanço chega a quase 10%. Na quinta-feira, moeda dos EUA fechou vendida a R$ 4,3917. O dólar opera em alta nesta sexta-feira (21), batendo logo na abertura, pela primeira vez na história, o patamar de R$ 4,40. Às 10h52, a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,3940 na venda, em alta de 0,05%. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,4061.  Veja mais cotações . Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,5934, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na sessão anterior, o dólar encerrou o dia vendida a R$ 4,3917, em alta de 0,61%, marcando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3982 – maior cotação nominal intradia até então, segundo dados do ValorPro. A marca de R$ 4,40 é o maior valor nominal já registrado. Considerando a inflação, no entanto, a maior cotação do dólar desde lançamento do Plano Real foi a atingida no final de 2002. Segundo a Economatica, com a correção