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Conflitos de guerrilheira

Por Angelo Castelo Branco
Durante conversa com um atento amigo ele chamou a atenção para um detalhe curioso da presidente Dilma.
A expressão facial que ela assume em suas aparições denuncia algo singular, quando comparada aos seus antecessores.
Dilma passa a impressão de que não acredita no que propõe e desdenha o modelo econômico capitalista. Ela não consegue passar animo ou vibração e estímulos aos atores econômicos.
O espírito da guerrilheira latente não se ajusta ao modelito republicano democrático que ainda perdura no Brasil. O que ela desejaria mesmo, admite ele, era ser a comandante de uma república popular socialista nos moldes dos anos 50. Aí sim ela se mostraria feliz e não circunspecta, garante o amigo sensitivo.
O comportamento público da presidente revelaria pura inapetência pela linha diplomática praticada entre nações industrializadas com vistas ao dinamismo econômico e geração de riquezas.
As fofocas, ou não, sobre a dureza com que já teria se comportado na intimidade do poder, deixando assessores e ministros em saia justa por palavras nada agradáveis aos ouvidos, constam no elenco de suposições denunciadoras da desmotivação questionada intramuros.
Em seu sexto ano de gestão, a nossa presidente parece muito mais motivada pelas teses do Foro de São Paulo como ferramentas de condução ideológica do poder apartada do mundo moderno dos negócios e dos grandes investimentos. Ela se mostra encantada com o bolivarianismo improdutivo e tanto é assim que nunca disse uma única palavra de protesto contra os presos políticos do surreal governo venezuelano.
Ou seja, ela se perde em contradições de cunho ideológico e se mantém a anos luz de distância dos postulados humanistas que regem a social democracia.
Estaria ele sentindo um prazer inimaginável quando, no recôndito de sua privacidade, abre o relatório de jornais para ler sobre como os movimentos sociais invadiram e destruíram propriedades privadas?
O uso do dinheiro de um povo para insultar esse mesmo povo pela via da insegurança jurídica, é música sinfônica que acalenta e adormece placidamente um bom socialista, observa o amigo sociólogo.
O fato é que até esse carnaval não se deu um único passo no sentido de diminuir o tamanho da máquina estatal e de oxigenar a economia afastando-a da maléfica dependência do governo.
Pelo contrário.
A Sra Dilma aparelhou politicamente a máquina administrativa a tal ponto que temos hoje um número estratosférico de ministérios e de cargos de confiança cuja desmontagem, quando tiver de ser feita por imposição da sobrevivência da nação, vai custar certamente muito suor, muitas lágrimas e, que Deus nos livre, algum sangue.
De concreto, a suposta incompatibilidade da presidente com a política capitalista afugenta investidores e provoca o empobrecimento do país . Empurram o Brasil para baixo e o afastam cada vez mais da linha da história .
Será que o general de Gaulle tinha razão?


* Jornalista 

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