Há duas semanas, intimada a depor como testemunha do processo sobre tráfico de influência envolvendo medidas provisórias no setor automobilístico no Governo Lula, a presidente Dilma comunicou à justiça que não tinha nenhuma informação sobre o caso. Uma mensagem eletrônica descoberta nos computadores do Palácio do Planalto, revelada na edição da Veja desta semana, aponta que ela poderia ajudar. E muito.
E-mail encaminhado à então ministra Dilma a alertava de que Lula "despachava" diretamente com o ministro da Fazenda as isenções fiscais para o segmento automobilístico. Dilma apenas referendava, sem nenhuma análise técnica. Segundo a reportagem, ela sabia que havia algo incomum na tramitação das MPs e dos decretos que beneficiaram o setor automobilístico. A presidente sabia que o assunto era despachado a portas fechadas, sem passar pelo crivo técnico e jurídico dos especialistas da Casa Civil da Presidência, como deveria.
Segundo a revista, Dilma sabia quem eram os dois personagens que decidiram sozinhos a concessão de isenções fiscais para determinadas empresas. Apesar de tudo, ela preferiu não dizer nada. Já está demonstrado, segundo ainda a reportagem, que as montadoras pagaram pelo menos R$ 32 milhões pelo serviço de lobistas encarregados de garantir a aprovação das leis que deram incentivos fiscais superiores a R$ 1 bilhão por ano às montadoras de automóveis.
No escritório de um deles, Alexandre Paes dos Santos, a polícia recolheu documentos que não deixam dúvida sobre a movimentação do grupo em Brasília. Antes da publicação das medidas, eles mantiveram intenso contato com autoridades e, ao que tudo indica, também remuneraram algumas delas. Na agenda do lobista foram encontradas anotações de nomes relacionados a cifras, inclusive de ex-ministros do Governo.
Os investigadores descobriram também que o lobista Mauro Marcondes, o chefe do grupo, repassou R$ 2,5 milhões a Luis Cláudio da Silva, o filho mais novo do ex-presidente Lula. O que se sabe até agora é que Mauro Marcondes, que está preso, também é amigo de Lula e tinha acesso irrestrito ao Palácio do Planalto. Ele visitou o ministro Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete de Lula, e dias depois foram publicadas as medidas que prorrogavam o benefício.
A mensagem eletrônica que a revista teve acesso mostra que a pressão do lobista surtiu efeito. Dilma ficou sabendo que as medidas provisórias estavam sendo publicadas sem nenhum controle.
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